Cursar a Graduação
em Biblioteconomia no Rio Grande do Norte é um privilégio. Privilégio de exatos
148 estudantes que estão matriculados no atual período [2011.2] – apesar de nem
todos estarem ‘ativos’. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte [UFRN] é
a única instituição no estado a oferecer o curso presencial, e recebeu o
reconhecimento do MEC no ano de 2001.
O que se pode
observar no cenário bibliotecário no RN passados dez anos de atuação do ensino
de biblioteconomia? Qual a situação dos profissionais formados? Como é o seu
mercado de trabalho? Quais instituições contratam mais? Quais as condições de
trabalho nas bibliotecas? Qual o reconhecimento social do profissional? Qual a
capacidade empreendedora desses profissionais?
Não sei ao certo.
Alguém saberia
responder satisfatoriamente a todas estas questões? O Conselho Regional de
Biblioteconomia [CRB]?
Temos sempre
oportunidades de estágios durante todo o período de curso. Empresas públicas e
privadas estão sempre abrindo e divulgando vagas para os estagiários. As horas de
atividades e valores de remuneração podem variar. E o rodízio de estagiários
pelas instituições é corrente, o fluxo sempre constante. Ao máximo de dois anos
os estagiários são renovados. Isso dá a oportunidade dos estudantes
experimentar competências diferentes em instituições diferentes.
Mas, e quanto aos
profissionais, quais são as oportunidades após a conclusão do curso?
As empresas privadas
geralmente oferecem os melhores salários e melhores condições de trabalho. Mas
como chegar até elas? O estágio é uma forma. Aquele estudante que fez um bom
trabalho, destacou-se na empresa enquanto estagiário e quando na oportunidade
de sua formatura, abre-se também, oportunamente, vaga para bibliotecário e
então este ocupa a vaga ofertada. Mas não é sempre assim. Muitas contratações,
sabe-se, são por indicações.
As instituições públicas
federais, estaduais e municipais ofertam vagas com salários e condições de
trabalho diferentes umas das outras (diferenças que chegam a ser gritantes entre
as instituições).
Seguir carreira
acadêmica também é uma opção para o estudante de biblioteconomia. Porém não é o
perfil de todos. Na verdade é perfil da minoria (vamos ‘chutar’ que 90%
daqueles que ingressam na graduação tem interesse em cursar apenas a graduação).
Enquanto ao
empreendedorismo, poucos ou raríssimos são os casos de destaque.
Então, depois de
formado o bibliotecário pode distribuir seu currículo, ‘correr atrás’ de
trabalho em empresas ou de pessoas influentes no mercado que possam fazer
indicações. Podem continuar estudando para manter-se atualizado e encarar os
concursos que forem aparecendo. Ou pode trabalhar na elaboração de um projeto de
pós-graduação ou de empreendedorismo próprio (para isto precisará, muito
provavelmente, de uma graninha para começar). Ou ainda, esquecer a área,
lembrar apenas que tem um diploma de nível superior e encarar todo e qualquer
concurso, seja para biblioteconomia, polícia, bombeiro, ASG, bancário, técnico
administrativo ... o que também é muito comum!
O bibliotecário recém-formado
apenas não quer assumir o cargo de ‘estatística’, ‘estatística de desemprego’!
Preocupado com o
futuro iminente, me pergunto quão interessante seria (para a Academia, para o
estudante, e para os profissionais que chegam ao mercado todos os anos) o
mapeamento e acompanhamento do cenário bibliotecário potiguar?
[Uma base de
pesquisa que identificasse as unidades públicas de informação em cada região do
estado, pudesse descrever suas condições estruturais, seus serviços,
equipamentos, a postura profissional dos responsáveis (quando não for o caso de
se ter a frente um bibliotecário: quais as consequências para a instituição,
para os usuários e para a imagem do bibliotecário que é confundido com aquele
outro), estatísticas de atendimento, características do público usuário, políticas
públicas voltadas para área (seja no âmbito federal, estadual ou municipal),
salários, meios de atualização profissional, qual a visão da comunidade
atendida, etc... Estudos que englobassem aspectos políticos, econômicos e
sociais do campo público de atuação bibliotecária no RN]
Talvez
pesquisas assim pudessem contribuir para maior e melhor percepção da realidade
de mercado, para atividades de fiscalização junto aos Conselhos de
Biblioteconomia, para justificar as exigências de melhorias à classe frente os
poderes públicos, para difundir e promover a imagem do profissional... Enfim,
para fazer da biblioteconomia potiguar uma biblioteconomia pioneira, 1º lugar
não somente em avaliações burocráticas, mas EFETIVAMENTE!