domingo, 27 de novembro de 2011

CONSTRUINDO UMA NOVA IDEIA!


Colegas de curso, precisamos urgentemente nos organizar e mobilizar! Uma nova época está nascendo, e não podemos deixar que aquilo que já é velho e inútil para nós se acomode no que nos é básico para o futuro – nossa Educação. Refiro-me aos valores! Precisamos reconsiderar, questionar uma diversidade de posturas, comportamentos e principalmente as ideias inadequadas que foram aos poucos cristalizando-se em nossas cabeças – por comodismo!

Um vento grandioso sopra entre as árvores e por todos os lugares caem frutas – verdades. Há nele o esbanjamento de um outono demasiado rico: a gente tropeça em verdades, algumas delas a gente chega a matar pisoteadas – elas são excessivas... Mas aquilo que a gente toma nas mãos, já não tem mais nada de duvidoso – são decisões.
(Friedrich NIETZSCHE. “O Crepúsculo dos Ídolos: como se filosofa com o martelo”; In: ECCE HOMO: de como a gente se torna o que a gente é. L&PM Pocket, 2009, p. 131.)

Precisamos repensar o nosso ensino e como nos pomos frente a este. Precisamos questionar e criticar nossos professores para que possamos construir juntos a nossa educação. Precisamos rever os nossos serviços para que possamos dar retornos válidos a sociedade. Mas antes de tudo, precisamos nos postar contra o espelho e avaliar que tipo de cidadãos somos e para a formação de que sociedade estamos contribuindo.

Não podemos acreditar que já fazemos demais, ou o suficiente. Devemos repensar o que fazemos – porque fazemos? para que serve nossa profissão? a quem (realmente) estamos servindo?

Estamos passando por um momento de transição. Nossa Academia está se renovando e especializando em seus recursos materiais e humanos. Devemos questionar o que já está saturado, e o que ainda não foi contemplado.

Devemos ter as rédeas do nosso futuro firmes em nossas próprias mãos. Decidirmos em conjunto o que é necessário e conveniente ao nosso contexto profissional – esse contexto deve ser pensado o mais amplamente possível, englobando não só o profissional e sua formação, mas também a profissão e a instituição (qual a nossa função social?). Não podemos deixar que decisões importantes sejam tomadas apenas por/para ego e status de poucos. Devemos nos auto-afirmar e assumir nossas responsabilidades, construir uma consciência engajada e responsável. Devemos lutar pelo que é nosso: o futuro!

FUTUROS BIBLIOTECÁRIOS, NÓS SOMOS O FUTURO!


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Plano de Gestão do Centro de Ciências Sociais Aplicadas [2011 – 2015] e o futuro da Biblioteconomia na UFRN


Ocorreu nesta manhã de quinta-feira (17 nov.), às 10h, a Audiência Pública sobre Plano de Gestão (2011 – 2015) com alunos do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA). A Profª Arlete Araújo, Diretora do Centro, recebeu o vergonhoso número de quatro alunos (número total) de diferentes cursos.

Arlete criticou a pouca participação do alunado, apesar da insistente divulgação do encontro (disponibilização do Plano de Gestão em plataforma virtual, envio de convite por e-mail, ajuda de divulgação dos Departamentos e Centros Acadêmicos ...). Mesmo assim, disse ser ‘teimosa’, que continuará convocando toda a comunidade a participar das decisões coletivas, e pediu para isso a ajuda dos presentes, na motivação e esclarecimento sobre a importância da participação aos demais colegas.

De forma geral, Arlete propôs uma gestão que pense conjuntamente, incentivando o exercício de envolvimento de todos os atores de forma a combater a fluidez de participação dos mesmos, visando sintonizar a comunidade em uma direção coletiva. [Pelo visto teremos muito trabalho!]

Os tópicos particulares levantados pelos alunos e que dizem respeito aos interesses gerais foram acerca da segurança e urbanismo do Setor.

A representação do Curso de Biblioteconomia pediu atenção em especial às questões do Laboratório de Informática e do deslocamento das turmas para o Setor V de aulas.

O Laboratório de Informática é a base estrutural para grandes melhorias previstas para o DEBIB a partir do ano de 2012. O Laboratório está sendo planejado de forma a apoiar e orientar a comunidade acadêmica sobre o processo de inclusão de estudantes com necessidades educacionais especiais, em acordo com a Resolução n° 193/2010 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CONSEPE, de 21 de setembro de 2010.

Além disso, fora aprovado recentemente o projeto de extensão “Biblioteca Digital de Monografias”, a ser coordenado pela Profª Ma. Jacqueline de Araújo Cunha, que visa digitalizar e tornar disponível as monografias produzidas pelos cursos componentes do CCSA.

Outras justificativas que fazem valer a urgência do laboratório são as condições tecnológicas especiais que as disciplinas técnicas exigem para sua apropriada aplicação, visto que os laboratórios coletivos do Centro não dão suporte aos softwares e aplicativos específicos usados pelos profissionais da área.

Quanto ao deslocamento de Setor, justifica-se pela estratégia de localização do DEBIB e espaço indicado para acomodação do Laboratório de Informática. Sem contar que a atual disposição das turmas gera confusão pela constante alteração das salas utilizadas. O objetivo é concentrar as atividades acadêmicas voltadas à biblioteconomia.

Percebeu-se, portanto, boa vontade em colaboração, articulação de interesses que visem as satisfações coletivas, e abertura à participação do corpo discente junto à Diretoria do Centro e à Coordenação do Curso. Basta agora resolver o problema de apatia participativa dos discentes.

O cenário se mostra muito favorável à uma atuação efetiva por parte do Centro Acadêmico Zila Mamede – CAZMA, e uma evolução considerável do DEBIB. Porém será necessário empenho de todos os envolvidos! Você já está fazendo a sua parte?

sábado, 12 de novembro de 2011

Sobre o curso de Graduação em Biblioteconomia da UFRN: mudanças e comportamento


Desde o ano de 2007 – ano em que ingressei no curso de Graduação em Biblioteconomia – algumas mudanças ocorreram no ensino de Biblioteconomia no Brasil. Refiro-me à estrutura curricular, claro. No ano seguinte foi adotada uma nova estrutura curricular, que seguiu sofrendo pequenas alterações nos anos subsequentes. Disciplinas foram adicionadas, outras divididas e algumas até mesmo dispensadas – por exemplo, a disciplina Linguagem Documentária, que era uma disciplina complementar (não obrigatória) não é mais disponibilizada. O tema das linguagens documentárias é abordado em outras disciplinas como Representação Temática III, por exemplo.

O objetivo dessas alterações é expandir e aperfeiçoar as habilidades dos graduandos bibliotecários. Mas será que elas foram suficientes ?

Conversando nos corredores da universidade com alguns colegas de curso podemos compartilhar algumas insatisfações, percebidas principalmente nos concluintes que reclamam da sobrecarga de atividades no último período do curso (Monografia; Estágio supervisionado com produção de relatório; Planejamento e Realização de Projeto Cultural). Mas não somente os concluintes. Os estudantes de diversos períodos reclamam, por exemplo, da disciplina Linguística não ser incorporada na estrutura como disciplina obrigatória à formação do bibliotecário, visto a crescente necessidade do domínio nesta área do conhecimento para a melhor aplicação das habilidades de organização, classificação e indexação de informações na web. Claro, o aluno tem sempre a oportunidade de direcionar sua formação acadêmica, procurando incorporar disciplinas de outros Centros em sua estrutura curricular individual (aliás, é esse o conceito de Universidade!). Porém dificuldades de incompatibilidade de horários e indisponibilidade de vagas podem tornar esse complemento inviável. (Diversas outras disciplinas são listadas e justificadas, o uso da Linguística foi meramente ilustrativa).

Voltando às reclamações dos concluintes ... Estes (e eu concordo, apóio e faço o mesmo) questionam a obrigatoriedade da Monografia e do Estágio Supervisionado com produção de Relatório. A proposta que se levanta é de que seja facultativa a escolha por uma das atividades, e a justificativa é de que no último período o aluno já tem decidido se quer ou não (emendar) uma pós-graduação (o que justificaria a produção de uma monografia visando a elaboração de projeto de pós-graduação); caso contrário, o Estágio Supervisionado com produção de relatório seria suficiente para avaliação de conclusão de curso e aptidão para ingressar no mercado profissional. O que ocorre, afinal, é que o tempo que se passa realizando o estágio (atividade que a grande maioria dos alunos realizam durante mais de 50% de sua estadia na graduação em instituições e funções diversas) atrapalha na pesquisa monográfica, e não somente pelo tempo despendido, mas pelo cansaço físico e psicológico: é estressante e exaustivo! Sem falar que paralelo à monografia tem de se escrever o relatório de estágio. Como se não bastasse, há também o Projeto Cultural, que necessita de disponibilidade conjunta de tempo para reuniões de planejamento e execução.

Tratando-se especificamente do nosso caso (Biblioteconomia - UFRN), as principais mudanças não vêm das alterações na estrutura curricular, mas sim no corpo docente.

A renovação e especialização de nossos professores são vistas como ‘injeções de ânimo’ nos alunos, e são também os principais responsáveis pelas atividades de extensão e monitoria executadas pelo Departamento de Biblioteconomia. [Ver Ações de Extensão e Projetos de Monitoria no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas - SIGAA. Clique nas imagens para ampliá-las].





Mesmo assim, ainda há espaço para reclamações. As críticas são referentes à divulgação das pesquisas realizadas. Os projetos de extensão têm pouca visibilidade mesmo dentro do departamento.

Acredito serem essas as principais mudanças que ocorreram ultimamente no DEBIB-UFRN (Departamento de Biblioteconomia). Mas há sempre tempo e esforços para mais. E acredito que as mais urgentes estejam diretamente relacionadas ao comportamento/postura do graduando.

Os alunos do curso de Graduação em Biblioteconomia da UFRN são apáticos! (isto inclui eu, você, os membros do Centro Acadêmico e todos os outros). Não presenciei ainda uma única eleição para o CAZMA (Centro Acadêmico Zila Mamede) que contasse com duas chapas concorrentes. Não presenciei ainda uma gestão do CAZMA que tenha se destacado de qualquer outra forma que não pela passividade. Não presenciei ainda uma única manifestação conjunta, por parte dos alunos, que tenha alcançado qualquer resultado de mudança dentro do nosso Departamento. Aliás, os únicos momentos em que os alunos se reúnem são em festinhas para comer salgados e ‘ouvir’ os professores falar.

As sugestões que ficam, portanto (às quais podem se reunir outras mais), são as de incentivo à participação dos alunos em toda e qualquer questão que diga respeito ao DEBIB; esclarecimentos sobre as funções e importâncias do Centro Acadêmico; incentivo à concorrência nos processos eletivos; além de apoio e participação nos projetos do Departamento.

Afinal, se o aluno não se apresenta, quem o Centro Acadêmico representa?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sobre o Estágio de Estudantes


O estágio é o exercício de atividades supervisionadas, realizadas por estudantes em ambiente de trabalho e relacionadas às competências de uma determinada disciplina educacional. Tem como objetivo preparar o educando para o mercado de trabalho pondo em prática os estudos e teorias vistos na instituição de ensino. Classifica-se em duas modalidades: Estágio obrigatório ou não-obrigatório – podendo ser remunerado ou não. Podem estagiar os alunos regulares e devidamente matriculados em instituições educacionais. Podem contratar estagiários: pessoas jurídicas públicas e privadas, assim como profissionais liberais de nível superior, devidamente registrados em seus respectivos conselhos. O Estágio de Estudantes não caracteriza vínculo empregatício (salvo casos especiais previstos em lei), porém exige-se termo de compromisso acordado entre a instituição de ensino, o contratante e o estagiário.

Exercer atividades de estágio é, sem sombra de dúvidas, enriquecedora para qualquer aluno. Contudo, é necessário ter consciência dos direitos do estagiário, e ainda algum senso crítico sobre tal prática.

O bibliotecário é um profissional em ascendência no mercado. Cada vez mais as empresas requisitam seus serviços. Mas requisitam a quem: ao profissional bibliotecário, ou ao aluno de biblioteconomia (como estagiário)?

Devemos ter consciência que o estágio é uma atividade que tem de ser acompanhada, supervisionada, e que o estagiário não é um empregado, portanto, não pode assumir tal posto. Para oferecer vaga de estágio (de uma a cinco vagas), a empresa deve ter em seu quadro de funcionários pelo menos 1 (um) que seja profissional na área determinada das vagas ofertadas. Caso contrário quem irá supervisionar adequadamente o trabalho realizado pelo estagiário?

Outro ponto que devemos (nós alunos, instituição de ensino e órgãos fiscalizadores) ter atenção é a substituição intencional (e ilegal) do profissional pelo estagiário. Contratar um estagiário é mais barato que contratar um profissional. Ora, o estagiário não tem direito à 13º salário, e/ou outros direitos constantes nas legislações trabalhistas e previdenciárias. Fazer o fluxo de estagiários correr constantemente (ao máximo de 2 anos) sem que haja um bibliotecário contratado pela organização não é uma atividade legal, e deve ser denunciada. A consequência dessa prática é danosa ao mercado de trabalho para bibliotecários que estão disponíveis, pois têm uma vaga a qual poderia estar concorrendo sendo ocupada por um estudante. Além do mais, classifica-se como ato de desvalorização da profissão, tanto pelo empregador (ou seja, representante do mercado) como pelo estagiário (ou seja, representante da Classe – um ato covarde).

Para saber mais sobre Estágio de Estudante, consultar:

Ministério do Trabalho e Emprego: Cartilha esclarecedora sobre a Lei do Estágio. A cartilha traz a Lei n° 11.788, de 25 de setembro de 2008, que dispõe sobre o Estágio de Estudantes, e ainda 70 perguntas e respostas das questões mais frequentes sobre o tema. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/politicas_juventude/Cartilha_Lei_Estagio.pdf>.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Biblioteconomia potiguar: cenário e perspectivas (?)


Cursar a Graduação em Biblioteconomia no Rio Grande do Norte é um privilégio. Privilégio de exatos 148 estudantes que estão matriculados no atual período [2011.2] – apesar de nem todos estarem ‘ativos’. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte [UFRN] é a única instituição no estado a oferecer o curso presencial, e recebeu o reconhecimento do MEC no ano de 2001.

O que se pode observar no cenário bibliotecário no RN passados dez anos de atuação do ensino de biblioteconomia? Qual a situação dos profissionais formados? Como é o seu mercado de trabalho? Quais instituições contratam mais? Quais as condições de trabalho nas bibliotecas? Qual o reconhecimento social do profissional? Qual a capacidade empreendedora desses profissionais?

Não sei ao certo.

Alguém saberia responder satisfatoriamente a todas estas questões? O Conselho Regional de Biblioteconomia [CRB]?

Temos sempre oportunidades de estágios durante todo o período de curso. Empresas públicas e privadas estão sempre abrindo e divulgando vagas para os estagiários. As horas de atividades e valores de remuneração podem variar. E o rodízio de estagiários pelas instituições é corrente, o fluxo sempre constante. Ao máximo de dois anos os estagiários são renovados. Isso dá a oportunidade dos estudantes experimentar competências diferentes em instituições diferentes.

Mas, e quanto aos profissionais, quais são as oportunidades após a conclusão do curso?

As empresas privadas geralmente oferecem os melhores salários e melhores condições de trabalho. Mas como chegar até elas? O estágio é uma forma. Aquele estudante que fez um bom trabalho, destacou-se na empresa enquanto estagiário e quando na oportunidade de sua formatura, abre-se também, oportunamente, vaga para bibliotecário e então este ocupa a vaga ofertada. Mas não é sempre assim. Muitas contratações, sabe-se, são por indicações.

As instituições públicas federais, estaduais e municipais ofertam vagas com salários e condições de trabalho diferentes umas das outras (diferenças que chegam a ser gritantes entre as instituições).

Seguir carreira acadêmica também é uma opção para o estudante de biblioteconomia. Porém não é o perfil de todos. Na verdade é perfil da minoria (vamos ‘chutar’ que 90% daqueles que ingressam na graduação tem interesse em cursar apenas a graduação).

Enquanto ao empreendedorismo, poucos ou raríssimos são os casos de destaque.

Então, depois de formado o bibliotecário pode distribuir seu currículo, ‘correr atrás’ de trabalho em empresas ou de pessoas influentes no mercado que possam fazer indicações. Podem continuar estudando para manter-se atualizado e encarar os concursos que forem aparecendo. Ou pode trabalhar na elaboração de um projeto de pós-graduação ou de empreendedorismo próprio (para isto precisará, muito provavelmente, de uma graninha para começar). Ou ainda, esquecer a área, lembrar apenas que tem um diploma de nível superior e encarar todo e qualquer concurso, seja para biblioteconomia, polícia, bombeiro, ASG, bancário, técnico administrativo ... o que também é muito comum!

O bibliotecário recém-formado apenas não quer assumir o cargo de ‘estatística’, ‘estatística de desemprego’!

Preocupado com o futuro iminente, me pergunto quão interessante seria (para a Academia, para o estudante, e para os profissionais que chegam ao mercado todos os anos) o mapeamento e acompanhamento do cenário bibliotecário potiguar?

[Uma base de pesquisa que identificasse as unidades públicas de informação em cada região do estado, pudesse descrever suas condições estruturais, seus serviços, equipamentos, a postura profissional dos responsáveis (quando não for o caso de se ter a frente um bibliotecário: quais as consequências para a instituição, para os usuários e para a imagem do bibliotecário que é confundido com aquele outro), estatísticas de atendimento, características do público usuário, políticas públicas voltadas para área (seja no âmbito federal, estadual ou municipal), salários, meios de atualização profissional, qual a visão da comunidade atendida, etc... Estudos que englobassem aspectos políticos, econômicos e sociais do campo público de atuação bibliotecária no RN]

Talvez pesquisas assim pudessem contribuir para maior e melhor percepção da realidade de mercado, para atividades de fiscalização junto aos Conselhos de Biblioteconomia, para justificar as exigências de melhorias à classe frente os poderes públicos, para difundir e promover a imagem do profissional... Enfim, para fazer da biblioteconomia potiguar uma biblioteconomia pioneira, 1º lugar não somente em avaliações burocráticas, mas EFETIVAMENTE!

sábado, 5 de novembro de 2011

O Papel da Universidade na América Latina Contemporânea*


O “II Encontro Internacional de Estudos Sobre A América Latina – 20 Anos de MERCOSUL: balanços e perspectivas” teve seu encerramento nesta manhã de sábado, 05 de novembro, com palestra e lançamento do livro “Crítica à Razão Acadêmica”, organizado pelo professor Nildo Ouriques e Waldir Rampinelli. O encontro ocorreu no Auditório da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM/UFRN). O professor Ouriques falou por cerca de três horas entre palestra e dois blocos de debates (coordenados pelo professor Gabriel Vitullo, do Departamento de Ciências Sociais, UFRN) ao auditório lotado (alguns ouvintes tiveram de assistir toda a palestra em pé e outros sentados ao chão), para um público formado majoritariamente de estudantes de diversos cursos e diferentes instituições, alguns professores da UFRN e também representações de partidos e outras organizações.

O livro surge na oportunidade do 50º aniversário da Universidade Federal de Santa Catarina. Ouriques e Rampinelli, organizadores da obra, vêem então a necessidade de se pensar criticamente a universidade brasileira: o que é a universidade? A universidade é a casa do saber? Existe crítica (além da marginalidade) na universidade?

Ouriques fala que as primeiras características comuns diagnosticadas foram a ‘nobreza’ e a ‘imitação da prática estrangeira’.

Por imitar os modelos da prática norte-america e européias, as universidades brasileiras acabam por criar uma divisão burguesa do conhecimento, consequência da divisão social do trabalho, provocando uma excessiva especialização do conhecimento e conferindo aos docentes universitários um gangsterismo travestido de respeitabilidade, seguidores de modismos intelectuais nas linhas de pesquisas em pós-graduações, que por sua vez  provocam o desprestígio do ensino de graduação. Cultura repassada de professor a alunos, que criam mesmo uma relação de “Clientela – Vassalagem”, produzindo conhecimentos voltados para si mesma e de pouca (até mesmo nenhuma) utilidade ou contribuição para a sociedade. Aqui, provoca: poderia a universidade dar mais retornos à sociedade?

A crítica seguinte cai sobre os métodos avaliativos que rompem os nexos com o social, criando uma burocracia especialista em controle e disciplina, e produção científica desvalorizada (uma riquíssima produção em “não há nada novo a dizer”, mas é preciso publicar). Seguindo à risca ‘o sistema de produção mundial do conhecimento’, fortemente representado pela CAPES, no Brasil, que na prática de seu big business desqualifica a revista científica nacional ao prestígio das publicações estrangeiras daquela mesma pós-graduação modista, colonizada. A ciência brasileira se torna prestação de serviço às grandes empresas.

Para que serve então a universidade brasileira?

O ensino não está em contato com a realidade. O pensamento crítico não está disponível à universidade brasileira, que vive submissa ao império da mediocridade, que não exerce a liberdade cátedra, tampouco sua autonomia, e não transformará a sociedade enquanto não tiver como ambição intelectual “vencer o conformismo”.

(*Palestra concedida por Nildo Ouriques, professor da UFSC)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Em defesa das ‘diversidade’ e ‘qualidade’ da informação


O acesso à diversidade de informação é tema cada vez mais debatido nas mídias. Nas mídias alternativas, claro. O Partido da Imprensa Golpista (PIG), conluio do monopólio midiático que representa as mídias convencionais no Brasil, continua seu trabalho sujo e criminoso de desinformação em massa, escondendo o máximo possível o tema do grande público. Mas esta é uma época propicia aos desmoronamentos de grandes impérios.

Em seminário sobre a Democratização da Mídia, nesta quinta-feira [03 de novembro] em Porto Alegre, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação, Franklin Martins volta a defender o debate aberto sobre a necessidade de implementação do Marco Regulatório para as Comunicações no Brasil. Explica que o marco deve promover à população, como tarefas centrais: “democratizar a oferta de informação, garantir a expressão da diversidade de opiniões, impedir a concentração de propriedade, garantir a existência de uma comunicação pública e comunitária de qualidade, promover a cultura nacional e regional com o estabelecimento de quotas claras, estimular a produção independente” [1].

Os debates sobre a democratização midiática ganham espaço nas agendas nacionais e internacionais, demonstrando a importância do tema para a construção de serviços de informação de qualidade, diversificados e que atendam os reais interesses e necessidades daqueles que a recebem.

Na última semana do mês de outubro dois grandes eventos, em Assunção (Paraguai), o seminário internacional “Midia, Público e Sociedade: A Experiência Global e os Caminhos na América Latina”; e em Foz do Iguaçu (Brasil), o “1º Encontro Mundial de Blogueiros”, demonstram a preocupação dos latino-americanos em somar os esforços, dividir as experiências e multiplicar os benefícios acerca do tema. Na Argentina já foi aprovada a “Ley de Medyos”.

Para ilustrar o tópico, uma dica de vídeo documentário envolvendo os métodos de desinformação utilizados pela mídia norte-americana como forma de desprestigiar a política latino-americana, em desencontro à sua.

O documentário “Ao Sul da Fronteira” [2010] é dirigido por Oliver Stone.


Sinopse: O diretor Oliver Stone viaja por seis países da América do Sul e ainda Cuba, em uma tentativa de compreender o fenômeno que os levou a ter governos de esquerda na primeira década do século XXI. Através de conversas com Hugo Chávez (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa (Equador) e Raul Castro (Cuba), é analisado o modo como a mídia acompanha cada governo e a maneira como lidam com os Estados Unidos e órgãos mundiais como o FMI [2].

[1] HÁ uma tentativa de interditar o debate sobre o marco regulatório da mídia. Disponível em: <http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18897>. Acessado em 04 de Nov. 2011
[2] SUL da fronteira, Ao. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/ao-sul-da-fronteira>. Acessado em 04 de No. 2011.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

As sociedades da Informação: conhecendo os atores


As sociedades da informação se configuram pelo volume expressivo dos insumos de informação propiciados pelas novas tecnologias, presente nas atividades dos indivíduos e instituições e em suas relações com a política e economia. Portanto, é errôneo pensar que o termo “Sociedade da Informação” englobe todas as sociedades atuais – uma vez que muitas não se enquadram ao modelo de produção de bens e serviços tecnológicos característicos.

A parcela dos que ainda não estão inclusos no novo paradigma é considerável. Os países em desenvolvimento e de menores rendas, que não dispõe de condições técnico-econômicas necessários à adequação em todos os grupos sociais e campos estruturais como os da Educação e Tecnologia, por exemplo, engrossam a fatia dos excluídos, formada geralmente por pequenos comerciantes, moradores das zonas rurais e de setores urbanos mais pobres, além das populações marginalizadas, como desempregados crônicos e sem-tetos.

Fatores como analfabetismo, analfabetismo funcional, baixa renda familiar, falta de acesso à computadores, às linhas telefônicas, aos servidores de internet e à diversas outras Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) pesam negativamente e necessitam de alto investimento para se reconfigurar como panorama propício à construção e desenvolvimento de sociedades informacionais.

Pode-se afirmar que os atores que protagonizam as sociedades informacionais são geralmente indivíduos de básico, médio e alto níveis educacionais, com competências e habilidades informacionais (Letramento Informacional), de média e alta rendas financeira, com acesso às TIC’s convencionais e modernas e às bases de informações privilegiadas em qualidade e quantidade de bens e serviços disponibilizados, e que se utilizam cotidianamente desses instrumentos e suportes na realização de suas mais diversas atividades, seja de caráter pessoal, acadêmico ou profissional.

Este é, portanto, um ambiente muito propício a se estender o fosso entre as classes de rendimentos majoritários e as populações com rendimentos minoritários. Propício, sim. Mas não determinante.

A informação e as condições de informação são atualmente direitos do cidadão. A sociedade brasileira vive um processo de transformação, crescimento e desenvolvimento onde decisões e medidas importantes a este respeito estão sendo trabalhadas. É importante estar atento à essas transformações para que as necessidades públicas não se tornem vantagens aos meios privados.

Qual a importância de um Plano Nacional de Banda Larga? de um Marco Regulatório dos meios de comunicação? de um Marco Civil para Internet? do debate sobre a democratização midiática? de melhorias e investimentos na educação pública? E qual o nosso papel em meio à tudo isso?

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Ontem (quarta-feira, 02 de novembro), em Copenhague (DIN), foram divulgados dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2011, que é calculado a partir de dados referente à saúde, educação e renda, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). No novo ranking o Brasil sobe um degrau e ocupa a 84ª posição da lista que contempla 187 países. Apesar de acréscimos nos dados referentes à saúde e a renda brasileiras, a escolaridade e a expectativa de tempo de estudos permaneceram estagnados.

“Segundo o chefe do grupo de pesquisas do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) do Pnud em Nova York, José Pineda, o equilíbrio entre as três áreas (saúde, educação e renda) é a principal explicação para o desempenho brasileiro no IDH. E demonstraria que o governo estaria acertando em suas políticas pró-crescimento.

Estão à frente do Brasil, em IDH, Chile (44º no ranking), Argentina (45º), Uruguai (48º), Cuba (51º), Bahamas (53º), México (57º), Panamá (58º), Antígua e Barbuda (60º), Trinidad e Tobago (62º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º), Jamaica (79º), Peru (80º), e Equador (83º).” [1].

[1] Mais informações em: BRASIL avança uma posição e fica em 84º em novo IDH da ONU. Carta Maior. Disponível em: <http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18878>. Acessado em 03 de novembro de 2011.